Melih Kesmen é um muçulmano de 33 anos que trabalha como designer na pequena cidade de Witten, na Alemanha. Ao contrário de 87% dos 3,2 milhões de seguidores do Islã que vivem no país, Kesmen nasceu na Alemanha, e se considera um “muçulmano europeu”. Em 2005, quando morava em Londres, foi um dos milhões de muçulmanos que sentiu ofendido com as caricaturas de Maomé publicadas pelo jornal dinamarquês Jyllands-Posten. A reprodução do profeta é proibida no Islã, e a publicação, repetida por diversos outros jornais europeus, serviu para acirrar ainda mais a conturbada convivência do mundo ocidental com os muçulmanos. Kesmen, abalado tanto pela publicação das imagens quanto pelas violentas reações do outro lado do mundo, decidiu protestar. E hoje a manifestação se tornou a grife StyleIslam, que vem conquistando cada vez mais os jovens muçulmanos europeus, como Kesmen, com mensagens pacíficas. “A ideia surgiu quando publicaram aquelas charges na Dinamarca (em setembro de 2005). Por um lado, fiquei pensando que a atitude do jornal foi incrivelmente errada, pois as relações do Ocidente com o mundo muçulmano não estavam nada bem. Ao mesmo tempo, fiquei bravo com meu povo, pois os via na televisão queimando bandeiras e fazendo outras coisas do tipo em países como o Afeganistão e o Paquistão. Pensei, então, que deveria haver um modo de mostrar minha posição de maneira positiva, produtiva e criativa, especialmente sendo muçulmano, e aí fiz uma camiseta para mim com a inscrição “eu amo meu profeta”. “Na época eu morava em Londres e nunca esperava a reação que obtive. Mas em restaurantes e pubs muitas pessoas vinham me perguntar onde eu tinha comprado a camiseta e se eu podia fazer uma para elas. “Foi interessante também o fato de muitos não muçulmanos terem gostado, pois eles viam as diferenças entre a forma que eu estava me comunicando e aquelas imagens de protestos nos jornais.” Os artigos produzidos pela grife, no entanto, não obtiveram sucesso nos países muçulmanos e árabes, são consumidos apenas na Europa e América.
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