Um médico lançou uma polêmica na França ao alegar num livro que pode ter descoberto a cura para o alcoolismo. Olivier Ameisen, um dos mais conceituados cardiologistas do país, alega que ele mesmo conseguiu abandonar o vício usando uma droga hoje receitada para relaxar os músculos chamada baclofen. O livro em que narra sua experiência, Le Derrier Verre (“O Último Copo”, em tradução livre) ele pede para que cientistas façam testes clínicos para provar que o baclofen elimina o desejo de beber. A popularização do livro por meio da imprensa francesa levou muitos alcoólatras a buscarem o mesmo tratamento, e alguns médicos de fato revelaram que seus pacientes tiveram sucesso ao usar a droga contra o alcoolismo. Mas outros especialistas mantêm o ceticismo, advertindo para o perigo por trás das chamadas “curas milagrosas”. Ameisen era professor de cardiologia na Universidade Cornell, de Nova York, e em 1994 abriu um lucrativo consultório em Manhattan. Mas, acometido de um forte sensação de insegurança – ele se sentia como “um impostor esperando ser desmascarado” – ele passou a procurar alívio em grandes doses de uísque e gim. Meu caso é o primeiro em que um tratamento médico suprimiu completamente o vício em álcool. Hoje, eu posso beber um copo e não tem efeito. Acima de tudo, eu não tenho aquela necessidade irresistível de beber. “Eu detestava o gosto do álcool. Mas eu precisava de seus efeitos para existir em sociedade”, diz o livro. O médico diz que tentou todos os recursos conhecidos para acabar com sua dependência. Entre 1997 e 1999, ele passou um total de nove meses confinado em clínicas para alcoólatras, mas nada funcionou. Temendo pela segurança de seus próprios pacientes, Ameisen decidiu parar de atendê-los e voltou a Paris. Então, em 2000, ele leu um artigo sobre um americano que foi tratado com baclofen para espasmos musculares, mas alegou que, durante o tratamento, sentiu que ficou mais fácil abandonar seu vício em cocaína. Estudos adicionais revelaram que a droga ajudava cobaias a se livrarem do vício em álcool ou cocaína. Contudo, para a surpresa do cardiologista, especialistas em dependência desconheciam o baclofen. Em março de 2002, ele começou a testar a droga em si mesmo com doses diárias de cinco miligramas. “Os efeitos iniciais foram um relaxamento muscular mágico e um sono de bebê”, disse Ameisen. Quase imediatamente, ele passou a sentir menos vontade de beber. Gradualmente, ele aumentou para a dosagem máxima de 270 mg e então se viu “curado”. Hoje, usa, de 30mg a 50 mg por dia. Nós precisamos de testes abrangentes para determinar como a droga age se é eficiente e em qual dose, e se é verdadeiramente inofensiva no logo prazo. Alain Rigaud, presidente da Associação Nacional para a Prevenção do Alcoolismo e da Dependência da França disse que também tem suas reservas. “Meu caso é o primeiro em que um tratamento médico suprimiu completamente o vício em álcool”, alega. “Hoje, eu posso beber um copo e não tem efeito. Acima de tudo, eu não tenho aquela necessidade irresistível de beber.”
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