Embrião humano de 40 dias: em laboratório, os chineses modificaram os genes nesse estágio de desenvolvimento |
ÉTICA
Com a técnica CRISPR/Cas 9, que ganhou fama em 2013 e foi usada com sucesso no ano seguinte para criar macacos transgênicos, os cientistas editaram o gene HBB, no cromossomo 11, causador da talassemia beta. A técnica consiste em um "recorta-e-cola", pelo qual alguns genes são substituídos por outros sem a alteração genética maléfica. A equipe fez isso em 86 embriões, dos quais 71 sobreviveram ao processo invasivo. Os testes mostraram que em apenas 28 deles a técnica foi bem-sucedida e, destes, uma fração muito reduzida continha o material genético correto. Em outras palavras, só uma pequena parcela dos embriões gerariam humanos com vidas saudáveis, não afetadas pelas alterações do CRISPR/Cas 9. "Se quisermos fazer isso para valer, em pessoas, precisamos estar perto de 100% de sucesso", disse Huang à revista Nature. "Por isso paramos. Achamos que o método ainda é muito imaturo." Ética - Este tipo de modificação genética levou a um amplo debate ético na comunidade científica. Os cientistas temem, em primeiro lugar, pela segurança da técnica. Em segundo lugar, não se sabe quais podem ser as consequências futuras desse tipo de modificação genética em humanos. Em março, um grupo de cientistas que trabalha com edição genética publicou um alarme na revista Nature sobre rumores de que uma pesquisa revelando a criação de embriões transgênicos seria publicada em breve. Os autores afirmaram que, por ainda ser muito cedo para se conhecer o efeito desse tipo de técnica, a comunidade científica deveria concordar em não modificar o DNA das células reprodutivas humanas. Estuda-se a criação de uma moratória voluntária que pausaria momentaneamente as pesquisas de CRISPR/Cas 9 para discutir melhor as técnicas de edição genética e seu impacto entre os pesquisadores e com o público. Só depois desse debate que seria decidio pelo sim, ou pelo não, para a continuidade desse tipo de interferência genética em humanos.
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