domingo, 12 de fevereiro de 2012

Cientistas descobrem linguagem secreta de primatas asiáticos

Os társios das Filipinas, Tarsius syrichta, pequenos primatas que cabem na palma da mão de um homem e se alimentam de insetos, sempre foram considerados estranhamente quietos. E era isso mesmo o que eles queriam. Na verdade, esses mamíferos de olhos grandes gritam alto nas árvores em que vivem para se comunicar com parentes e membros do grupo. Tão alto que não conseguimos ouvi-los: eles se comunicam em frequências ultrassônicas, além da capacidade de audição do homem e da maioria dos predadores. A comunicação ultrassônica é uma habilidade para poucos animais, como os morcegos, e nunca havia sido registrada entre primatas modernos, incluindo os seres humanos. Nossa capacidade vai, aproximadamente, até os 20 quilohertz. Já os társios conseguem escutar frequências de até 90 quilohertz. As ondas de propagação dessas frequências são mais rápidas, o que faz com que, mesmo conseguindo escutá-las, seja difícil identificar sua origem. A comunicação desses animais, portanto, os protege de pássaros e outros predadores. Essa é uma das maneiras de proteção da espécie, que não tem como se defender de inimigos maiores. A outra é dormir durante o dia e aproveitar a escuridão da noite para comer e socializar. As conclusões foram publicadas em um artigo na última edição da revista Biology Letters e foram possíveis porque o pequeno primata se traiu em um detalhe. A bióloga e antropóloga Sharon Gursky-Doyen, da Universidade Texas A&M, nos Estados Unidos, percebeu que, apesar de não emitirem sons, os társios abrem bem a boca, como quem está gritando, e atraem a atenção dos companheiros. Ela estava estudando esses primatas em florestas do Sudeste Asiático e resolveu testar com eles um microfone usado para gravar morcegos. E sua linguagem secreta foi finalmente decifrada.

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