A Espanha está na lanterninha da emancipação familiar na Europa, com sete em cada dez jovens entre 22 e 30 anos, morando com os pais. A taxa espanhola é mais que o dobro da média dos países nórdicos (30%) e ainda fica longe dos índices das nações centro-europeias (52%). Apenas Eslovênia, Polônia, Bulgária e Portugal têm cifras similares. Este fenômeno foi analisado no relatório Individualização e Solidariedade Familiar, divulgado neste mês pelo sociólogo Gerardo Meil. Foram pesquisadas 1.200 famílias espanholas e o fator principal que dificulta a emancipação dos jovens é a crise econômica. "Em um contexto de desemprego, precariedade no mercado de trabalho e alta dos aluguéis, o lar familiar funciona como um seguro permanente" cita o relatório. "O pior é que a faixa etária dos não emancipados tem subido desde 2008, já iguala os índices de 17 anos atrás e inclusive está a ponto de superar as mais antigas", disse o sociólogo. Por ter 32 anos e ainda morar com os pais, o espanhol Lorenzo Martínez já foi chamado de "filhinho de papai", de "Peter Pan" e costuma ouvir que é um bebê que não larga a saia da mãe. Mas ele rejeita esse tipo de apelido e acusações. "Não acho que é algo do qual devo me envergonhar. O mercado de trabalho na Espanha está falido. Se não tenho outra forma de me manter, qual é o problema de meus pais me acolherem?", comentou Martinez. Os especialistas espanhóis também ressaltam a influência de um fator cultural como a religião neste vínculo longa de convivência familiar. Indicando que os países com piores índices de emancipação sejam católicos: Espanha, Itália, Portugal e Polônia.
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