sexta-feira, 18 de março de 2011

Grupo de músicos paraplégicos do Congo faz sucesso na Europa

Um grupo de músicos de rua da República Democrática do Congo, muitos deles paraplégicos, se transformou em um dos grandes sucessos da música africana. A banda Staff Benda Bilili faz uma mistura de rumba congolesa com ritmos tribais, funk ao estilo de James Brown, mambo cubano e até alguns toques de guitarra ao estilo de Jimi Hendrix. O álbum Très Très Fort ("Muito, Muito Forte" em tradução livre), de 2009, está entre os álbuns mais vendidos nas paradas europeias de world music e, nesta sexta-feira um documentário sobre a carreira do grupo estreia na Grã-Bretanha. O filme, que foi exibido pela primeira vez no Festival de Cinema de Cannes em 2010, foi dirigido por dois cineastas franceses, Renaud Barret e Florent De La Tullaye. Os cineastas conheceram os músicos na capital congolesa, Kinshasa. Vários músicos da Staff Benda Bilili sofrem de paralisia parcial do corpo devido à poliomielite, doença viral que foi erradicada em quase todo o mundo, mas ocorre ocasionalmente em países como o Congo e outros países da África subsaariana. O líder da banda, Ricky Lickabu, conta que, apesar de saber tocar guitarra e cantar, sofreu preconceito de outros músicos, que não queriam tocar com ele devido à sua paralisa. "Diziam que eu chegava tarde, pois andava na cadeira de rodas e que não podia dançar. Por isso, decidi começar uma banda com outros músicos deficientes e funcionou", disse Lickabu. O dono do zoológico de Kinshasa, área onde os músicos viviam, autorizou que a banda ensaiasse no local. Enquanto desenvolviam seu estilo, trabalhavam como eletricistas, costureiros ou vendedores de rua. O nome escolhido para a banda significa, em lingala, o idioma em que cantam, "além das aparências". O produtor belga, Vincent Kenis, especializado em música congolesa foi quem os ajudou a gravar um álbum. Não em um estúdio, mas ao ar livre, no próprio zoológico. E, neste primeiro disco, além dos músicos portadores de deficiência, também conta com a participação de um jovem que vivia na rua, Roger Landu. Ele passava boa parte do tempo com a banda, até que os músicos o convidaram para tocar. Landu inventou seu próprio instrumento com uma lata, um pedaço de madeira e uma corda de guitarra. Kenis o ensinou a amplificar este som e agora Landu toca com um estilo parecido com o de Jimi Hendrix. Em Kinshasa, o Staff Benda Bilili não tem a fama de outras estrelas congolesas da música internacional, como Papa Wemba, Koffi Olomide e Werrason. Muitos acreditam que o documentário poderá transformá-los em um fenômeno mundial - a exemplo do que ocorreu com o grupo de músicos cubanos Buena Vista Social Club.

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