"Eu tava só/Sozinho/Mais solitário que um paulistano...". A letra da canção Telegrama, do maranhense Zeca Baleiro, pode soar como exagero para quem vive em uma cidade tão agitada como São Paulo, mas não é. Afinal, se a solidão na metrópole não fosse comum, os jovens Hallan, Danilo, Wesley e Pablo não teriam criado o site "Amigos de Aluguel", pelo qual eles oferecem companhia a qualquer pessoa para atividades como fazer compras, sair para conversar, dançar, viajar e praticar esportes. O serviço existe há cerca de quatro meses e, como gosta de frisar Hallan, de 21 anos, porta-voz do grupo, não tem cunho sexual. No começo, eles atendiam os 'amigos', termo usado para designar quem procura o serviço, apenas por indicação. Agora, já se comunicam pelo recém-criado site e pelo Twitter. O preço varia entre R$ 150 e R$ 200 por hora. No site, eles se dizem disponíveis para almoços e jantares, festas, baladas, compras ou simplesmente 'jogar conversa fora'. E eles afirmam não ter preconceitos em relação à orientação sexual do 'amigo'. Os quatro jovens são amigos há bastante tempo. Pablo, Wesley e Danilo são de Goiânia, e Hallan é de Colatina, no interior do Espírito Santo. Quando Pablo se mudou para São Paulo para trabalhar e estudar, há quatro anos, percebeu que um outro amigo que ficou em Goiânia se sentia muito sozinho, sem ter alguém com quem sair. Percebeu também que não havia um serviço que oferecesse companhia sem ser ligado ao sexo. Foi daí que ele e os demais amigos tiveram a ideia de criar o 'Amigos de Aluguel'. O quarteto também se oferece para viagens nacionais e internacionais. No final do passeio, eles entregam um álbum com fotos do passeio, como parte do pacote, que não tem um preço definido (depende do local e dos dias). Afinal, quando se viaja sozinho, um dos grandes incômodos é ter que pedir para desconhecidos tirarem fotos suas diante dos cartões postais. Nenhum deles diz ter passado por algum apuro num dos encontros. Para Wesley, de 23 anos, o episódio mais curioso ocorreu quando uma senhora "superchique'" o chamou para fazer compras na Rua 25 de março, no comércio popular do centro de São Paulo. "Achei que ela fosse querer ir aos Jardins ou ao Shopping (Pátio) Higienópolis (numa região nobre da cidade)", diz.
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