Três arquitetos no Chile estão propondo a construção de um túnel que ligue o território a Bolpivia ao Oceano Pacífico, como tentativa de atender uma reivindicação de 130 anos. A Bolívia perdeu o acesso que tinha ao mar para o Chile na Guerra do Pacífico, em 1879. A reivindicação tem sido uma das principais campanhas diplomáticas do presidente boliviano, Evo Morales. Nesta semana, o ministro das Relações Exteriores do Chile, Mariano Fernández, disse que "está aberto a todas as sugestões e ideias que representem um avanço na integração latino-americana". A proposta dos arquitetos Humberto Eliash, Carlos Martner e Fernando Castillo Velasco prevê a construção de um túnel de 150 quilômetros, que nasceria da fronteira boliviana e desembocaria em uma ilha artificial, criada no Oceano Pacífico com os restos extraídos das obras. "Os poetas dizem que é preciso construir uma ponte entre a Bolívia e o Pacífico que salte por cima do Chile. Nós pegamos esta ideia e resolvemos investigar se haveria uma possibilidade de torná-la real", disse Eliash à imprensa. "Isso começa a eliminar as dúvidas de que o problema técnico tem solução. Eu acredito que o problema econômico também é contornável. Então, sobra apenas a incógnita política", disse. A questão política não é um ponto pequeno para o êxito da proposta. Segundo o projeto, o túnel passaria por baixo da Linha da Concórdia,na fronteira entre Chile e Peru. A fronteira é alvo de disputa entre os dois países, e se encontra na Corte Internacional de Justiça. A permissão peruana seria necessária não só para a construção do túnel, mas para a criação da ilha artificial, que ficaria na porção do território marítimo disputado por Chile e Peru. No entanto, é difícil saber se o Peru apoiaria o projeto, já que existe um desentendimento entre Morales e o presidente peruano, Alan García, sobre o asilo político dado pelo Peru a ex-ministros da oposição boliviana. Até agora, o próprio governo boliviano ainda não se manifestou sobre o projeto. A visão dos arquitetos também gera alguns desafios em termos de soberania. Segundo Eliash, para que o projeto funcione, o Chile e o Peru deveriam dar à Bolívia o uso soberano do túnel e da ilha, o que cria algumas dúvidas a respeito de temas complicados, como segurança e imigração. O arquiteto disse que já outros casos no mundo onde este tipo de solução foi pensado. Ele cita os projetos para construção de túneis entre China e Taiwan, Rússia e Estados Unidos, e Espanha e Marrocos.
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