Para três dos maiores guitarristas do mundo, seus instrumentos foram uma passagem para deixar a pobreza e a vida dura. É isso que mostra o documentário "It might get loud" ("Pode ficar alto"), de Davis Guggenheim, sobre Jimmy Page (ex-Led Zeppelin), The Edge (ou David Evans - U2) e Jack White (The White Stripes e The Raconteurs). O trio conta como começou a tocar guitarra, quais foram suas influências e por que seu estilo de tocar é diferente dos demais. O documentário culmina com um encontro em um cavernoso estúdio de Hollywood, onde eles batem papo e terminam juntando guitarras elétricas e violões acústicos. A trajetória dos três até o estrelato difere bastante, até mesmo por se tratar de continentes e gerações diferentes. Mas eles têm em comum o fato de terem usado a guitarra para abrir um mundo de possibilidades numa época em que as alternativas pareciam sombrias. O grisalho Page, 65 anos, lembra como sentia o peso da rotina sendo músico de estúdio, fazendo a base para canções pop e jingles. Mas então ele entrou para a banda The Yardbirds, e depois participou da formação do Led Zeppelin, um dos grandes nomes do rock na década de 1970. Para The Edge, 47 anos, tocar numa banda irlandesa do final da década de 1970 e começo da de 80 era a chance de escapar da miséria ao seu redor. Jack White, 33, trabalhava como estofador na adolescência, mas já se interessava por música, e um dos seus primeiros discos foi lançado em conjunto com um colega de trabalho. Guggenheim, diretor do premiado documentário ambiental "Uma verdade inconveniente", mistura imagens do encontro, entrevistas individuais e material de arquivo dos guitarristas. The Edge (ou David Evans), obcecado por tecnologia, lembra da sala de aula onde o U2 ensaiava nos seus primórdios. "Nenhum de nós sabia tocar àquela altura. Era realmente muito ruim." Em sua casa, cercado por milhares de discos, um radiante Page toca "Air guitar" enquanto ouve "Rumble", de Link Wray, que lhe causou uma profunda impressão como guitarrista. Guggenheim afirmou que "It might get loud", exibido nesta semana no Festival de Berlim, onde cerca de mil pessoas se juntaram para ver The Edge, é diferente de outros "rockumentários". "A maioria dos documentários de rock and roll aborda os acidentes de carro e as overdoses", disse ele em notas da produção para o filme. "Quisemos focar nas histórias e no caminho do artista, queríamos ir mais fundo abaixo da superfície."
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