sexta-feira, 7 de novembro de 2008

Menina de 9 anos violentada pelo marido tenta separação no Iêmen

Uma menina de nove anos de idade(foto E), está tentando anular seu casamento com um homem mais velho depois de ser obrigada pelo seu pai a se casar. Além da criança, outras duas jovens também entraram com pedidos de divórcio depois de casos semelhantes. Arwa, de nove anos e moradora da cidade de Jibla, foi à Justiça do Iêmen para tentar anular o casamento depois de ter sido molestada sexualmente pelo marido, que pagou para se casar com a menina. O pai de Arwa, Abdul Mohammed Ali foi abordado por um estranho no mercado da cidade, aparentando ter 40 anos, que perguntou se ele conhecia alguma jovem com a qual ele poderia se casar. Ali levou o estranho para casa e apresentou suas duas filhas, Arwa, e uma adolescente de 15 anos. O pai das meninas afirmou que o homem escolheu a mais jovem e prometeu que iria esperar até que Arwa chegasse à puberdade para o casamento ser consumado. "Ele me deu 30 mil riais (US$ 150) e prometeu outros 400 mil riais (US$ 2 mil). Eu precisava muito do dinheiro e pensei que seria uma solução para a família", disse Ali. Mas o pretendente mudou de idéia e foi viver na casa de Arwa e sua família. Durante sete meses o marido da menina dividiu o mesmo pequeno cômodo onde a família fazia as refeições e dormia. Quando Arwa lutou contra as tentativas do marido de manter relações com ela, ela foi espancada. O casamento apenas acabou quando o pai dela brigou com o marido e deu a permissão para que Arwa procurasse ajuda. A menina pediu dinheiro emprestado à um vizinho para a viagem até o tribunal de Justiça mais próximo. Um juiz então garantiu a liberdade de Arwa. Um exame médico comprovou que Arwa foi sexualmente molestada, mas ainda é tecnicamente virgem. A coragem de Arwa, para tentar o divórcio, foi inspirada pelo exemplo de Nujood, outra jovem da capital iemenita Sanaa, que ficou conhecida no país pela sua atitude. Uma terceira jovem, Reem, ainda está esperando a decisão da Justiça. Ela foi casada aos 12 anos com um homem de 30. Quando o marido insistia em manter relações sexuais, ela tentava resistir e era estrangulada, mordida e arrastada pelo cabelo. Reem quer o divórcio e quer completar sua educação. Ela foi aprisionada por 11 dias na casa do marido e tentou se matar com uma faca de cozinha. A mãe de Reem resgatou a menina. A lei do Iêmen determina que a idade mínima para o casamento é de 15 anos, mas esta lei é desrespeitada principalmente nas áreas rurais e mais pobres do país. Parlamentares iniciaram um debate para aumentar a idade mínima para 18 anos, mas enfrentam a oposição dos conservadores. Sheikh Hamoud Hashim al-Tarihi, secretário-geral do Comitê de Costumes e Virtudes e membro do Partido Islah, cita o exemplo do profeta Maomé, que se casou com Aisha, de seis anos, mas esperou que ela crescesse. "Por isso ter acontecido com o profeta, não podemos dizer às pessoas que é proibido casar com pouca idade", disse. E, segundo ele, uma proibição do casamento de meninas poderia prejudicar a sociedade, proliferando os maus hábitos. A ministra do Bem Estar Social, Amat al-Razzak Hammed, reconhece que o governo precisa se comprometer com a questão e, pessoalmente, acredita que a idade mínima para casamento deveria ser de 16 anos. A ministra destaca a importância da criação de uma proposta de lei que permita punição para pais que casam as filhas mais cedo e também para autoridades que permitam o casamento. Segundo Hammed o governo está consultando clérigos muçulmanos para que as leis sejam elaboradas de acordo com a Sharia, a lei islâmica. As eleições parlamentares do Iêmen ocorrem em 2009 e o governo do presidente Ali Abdullah Saleh pode não querer afastar as crescentes forças do fundamentalismo islâmico do país. Ativistas defensores dos direitos das mulheres se preparam para uma longa batalha e temem que, com a crise econômica mundial, mais famílias se sentirão pressionadas a sacrificarem suas filhas mais jovens.

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