Uma menina de nove anos de idade(foto E), está tentando anular seu casamento com um homem mais velho depois de ser obrigada pelo seu pai a se casar. Além da criança, outras duas jovens também entraram com pedidos de divórcio depois de casos semelhantes. Arwa, de nove anos e moradora da cidade de Jibla, foi à Justiça do Iêmen para tentar anular o casamento depois de ter sido molestada sexualmente pelo marido, que pagou para se casar com a menina. O pai de Arwa, Abdul Mohammed Ali foi abordado por um estranho no mercado da cidade, aparentando ter 40 anos, que perguntou se ele conhecia alguma jovem com a qual ele poderia se casar. Ali levou o estranho para casa e apresentou suas duas filhas, Arwa, e uma adolescente de 15 anos. O pai das meninas afirmou que o homem escolheu a mais jovem e prometeu que iria esperar até que Arwa chegasse à puberdade para o casamento ser consumado. "Ele me deu 30 mil riais (US$ 150) e prometeu outros 400 mil riais (US$ 2 mil). Eu precisava muito do dinheiro e pensei que seria uma solução para a família", disse Ali. Mas o pretendente mudou de idéia e foi viver na casa de Arwa e sua família. Durante sete meses o marido da menina dividiu o mesmo pequeno cômodo onde a família fazia as refeições e dormia. Quando Arwa lutou contra as tentativas do marido de manter relações com ela, ela foi espancada. O casamento apenas acabou quando o pai dela brigou com o marido e deu a permissão para que Arwa procurasse ajuda. A menina pediu dinheiro emprestado à um vizinho para a viagem até o tribunal de Justiça mais próximo. Um juiz então garantiu a liberdade de Arwa. Um exame médico comprovou que Arwa foi sexualmente molestada, mas ainda é tecnicamente virgem. A coragem de Arwa, para tentar o divórcio, foi inspirada pelo exemplo de Nujood, outra jovem da capital iemenita Sanaa, que ficou conhecida no país pela sua atitude. Uma terceira jovem, Reem, ainda está esperando a decisão da Justiça. Ela foi casada aos 12 anos com um homem de 30. Quando o marido insistia em manter relações sexuais, ela tentava resistir e era estrangulada, mordida e arrastada pelo cabelo. Reem quer o divórcio e quer completar sua educação. Ela foi aprisionada por 11 dias na casa do marido e tentou se matar com uma faca de cozinha. A mãe de Reem resgatou a menina. A lei do Iêmen determina que a idade mínima para o casamento é de 15 anos, mas esta lei é desrespeitada principalmente nas áreas rurais e mais pobres do país. Parlamentares iniciaram um debate para aumentar a idade mínima para 18 anos, mas enfrentam a oposição dos conservadores. Sheikh Hamoud Hashim al-Tarihi, secretário-geral do Comitê de Costumes e Virtudes e membro do Partido Islah, cita o exemplo do profeta Maomé, que se casou com Aisha, de seis anos, mas esperou que ela crescesse. "Por isso ter acontecido com o profeta, não podemos dizer às pessoas que é proibido casar com pouca idade", disse. E, segundo ele, uma proibição do casamento de meninas poderia prejudicar a sociedade, proliferando os maus hábitos. A ministra do Bem Estar Social, Amat al-Razzak Hammed, reconhece que o governo precisa se comprometer com a questão e, pessoalmente, acredita que a idade mínima para casamento deveria ser de 16 anos. A ministra destaca a importância da criação de uma proposta de lei que permita punição para pais que casam as filhas mais cedo e também para autoridades que permitam o casamento. Segundo Hammed o governo está consultando clérigos muçulmanos para que as leis sejam elaboradas de acordo com a Sharia, a lei islâmica. As eleições parlamentares do Iêmen ocorrem em 2009 e o governo do presidente Ali Abdullah Saleh pode não querer afastar as crescentes forças do fundamentalismo islâmico do país. Ativistas defensores dos direitos das mulheres se preparam para uma longa batalha e temem que, com a crise econômica mundial, mais famílias se sentirão pressionadas a sacrificarem suas filhas mais jovens.
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