Leves estímulos de eletricidade no cérebro podem fazer com que os destros utilizem melhor a mão esquerda, segundo um novo estudo feito por pesquisadores americanos e divulgado no site científico Live Science. Por meio de uma técnica não invasiva, os cientistas identificaram em testes que os indivíduos que usam os membros do lado direito do corpo, preferencialmente e com maior habilidade, apresentaram uma melhora nos movimentos do lado esquerdo. A técnica, chamada de corrente contínua de estimulação transcraniana (tDCS, na sigla em inglês), consiste em conectar eletrodos ao couro cabeludo com o objetivo de alterar a propriedade dos neurônios cerebrais dos tecidos subjacentes. Em testes com 16 voluntários totalmente saudáveis, os cientistas do Centro Médico Beth Israel e da Escola Médica de Harvard, nos Estados Unidos, descobriram que a destreza da mão esquerda dos participantes aumentou ligeiramente com o método. Com o equipamento, os pesquisadores avaliaram os efeitos da aplicação elétrica na região motora de um dos lados do cérebro, em comparação com os dois. Desconhecendo o procedimento que estava sendo feito, os voluntários utilizaram os dedos da mão esquerda como chave para uma série de números em um computador. Cerca de 24% dos avaliados obtiveram uma melhora tanto na região motora esquerda quanto na direita. Já outros 16% tiveram um aumento da destreza em apenas um dos lados. Em um teste falso, onde nenhum estímulo foi produzido, o número atingiu 12%. Os resultados da pesquisa foram divulgados na edição de 27 de outubro da revista científica BMC Neuroscience. Para Gottfried Schlaug, um dos estudiosos, as conclusões são relevantes para a investigação clínica nos processos de recuperação motora de pessoas que sofreram acidente vascular cerebral (AVCs). "Estimulando as regiões motoras do cérebro, poderíamos ajudar os pacientes a recuperar alguns dos movimentos que eles possam ter perdido", afirmou. A pesquisa foi financiada em parte pelo Instituto Nacional de Neurologia, o Centro de Integração de Medicina e Inovação Tecnológica (Cimit, na sigla em inglês) e da Fundação Michael Smith para Pesquisa de Saúde. Luiz Alcides Manreza, especialista do Departamento de Neurologia do Instituto de Medicina da Universidade de São Paulo (USP), questionou o resultado do estudo realizado pela equipe americana de pesquisadores, alertando que não existem registros de pesquisas com o método em questão. "É um caso novo porque não se tem conhecimento de estudos que possam ter chegado a estes resultados", avaliou. Segundo ele, "se for comprovado cientificamente que os estímulos ajudam os destros a controlar melhor os membros da esquerda, acredito que a técnica poderia auxiliar no tratamento de pacientes que sofreram AVCs", considerou. O neurologista informou que infelizmente ainda não existem mecanismos que recuperem mais rápido a mobilidade de pacientes que sofreram derrames, além dos tratamentos tradicionais, como fisiatria e fisioterapia, fonoaudiologia, psicólogo e terapia ocupacional.
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