domingo, 29 de julho de 2007

A saudade na visão de uma poetisa portuguesa

Saudades de homens que usavam apenas o assobio como galanteio. Fiu-fiu! Morro de saudades do tempo em que um presidente de uma nação era o mais respeitado cidadão do país. Que cadeia era lugar só de ladrão. Acho que andaram invertendo a situação. Ando com saudades de galinha de galinheiro, de macarrão feito em casa com tempero sem agrotóxico, de só poder tomar guaraná em dia de festa, de homens de gravatas, de novela com final feliz, de pipoca doce de pipoqueiro, de dar bom dia à vizinha, de ouvir alguém dizer obrigado ao motorista e ele frear devagarzinho preocupado com o passageiro. Saudades de gritar que a porta está aberta para os que chegam. Um saco destrancar tanto papaiz. Saudades do tempo em que educação não era confundida com autenticidade. Hoje se fala o que quer, em nome de uma "tal" verdade e pedir perdão virou raridade. Ando com saudades de ver no céu pipas não atingidas pelo efeito estufa. Saudades das chuvas sem acidez, que não causavam aridez. Saudades de poder viajar sem medo de homem bomba, de ser recebida com pompa em outra nação. Atualmente reina a desconfiança no coração. Sinto muitas saudades do rubor das faces de minha mãe, quando se falava de sexo totalmente sem nexo. Hoje ele é tão banal que até eu banalizei. Acho que a maior saudade que tenho é a saudade de tudo que acreditei.

Para minha filha não poderei deixar sequer a esperança.

Hoje já não se nasce criança.

Autora:

Laura B. Martins

2 comentários:

Anônimo disse...

O que dizer deste texto a não ser que realmente da uma saudade danada deste tempo. Abraços

Anônimo disse...

Estão te escravizando?
Abraços